Na essência das relações humanas está o processo comunicacional.
Muitas vezes se houve na gíria popular “é a falar que as pessoas se entendem”, ao que eu acrescento “e se desentendem” porque também não é menos popular ouvir-se “pela boca morre o peixe”…
Então o que fazer? Deve falar-se ou não se deve?
A comunicação verbal passa pelas palavras ditas ou escritas e são estas e a complexidade de significados atribuídos por cada pessoa às palavras que fazem desta comunicação o único meio que permite aos humanos saberem em concreto o que os outros sabem e pensam e daí acrescentar a si próprio mais conhecimento, mais sabedoria. Por outro lado, são as palavras de significados ambíguos que levam às más interpretações (se não forem clarificadas) e as de significado claro mas ofensivo que levam às discórdias.
Em resposta às questões eu diria que devemos falar sempre que formos pertinentes (e não apenas mandar para o ar a nossa “boca”… pois é por esta que morre o peixe) e pensar nas palavras que vamos utilizar. É também importante que procuremos perceber se fomos bem entendidos na mensagem que queríamos transmitir.
Mas mais importante que as palavras é toda a comunicação não-verbal, tudo o que não são palavras mas que os outros leem e veem em nós. Diz a literatura que esta significa quase 90% da nossa comunicação.
A mesma palavra ou frase, eu posso dizê-la de forma fria e inexpressiva ou de forma empática e positiva… Mas posso ainda atribuir-lhe um ar de troça ou desdém ou crítica.
Há ainda uma componente que frequentemente ousamos esquecer e que é para mim aquela que tem mais significado no processo comunicacional que é a emocionalidade que colocamos nos significados que atribuímos ao que vemos, ao que lemos, ao que ouvimos e ao que achamos que sabemos. Digo: achamos, porque tudo o que sabemos e sentimos está relacionado com as nossas experiências e com o nosso carácter.
Trocando por miúdos (entenda-se mensagem que possa ser entendida por todos): qual de nós já não viu algo ou ouviu uma mensagem a meio e a interpretou mal?
Por exemplo, se eu for uma pessoa muito negativa e deprimida se vir duas pessoas a falar na rua e estas olharem na minha direção, muito provavelmente vou pensar que estão falar mal de mim, ou vou olhar por mim abaixo a verificar se tenho alguma mancha na roupa ou ainda vou ao espelho do primeiro carro que encontrar, a tentar perceber se estou despenteado.
No entanto, numa mesma situação e se eu for uma pessoa muito narcisista e autorreferenciado vou pensar: “eu é que sou importante… Tudo a olhar para mim…”
Mas posso, ainda, de uma forma assertiva, sorrir, acenar ligeiramente com a cabeça e dizer “Olá, bom dia” pois é natural que duas pessoas olhem na direção das pessoas que se aproximam na rua…
Agora, a menina bonita e perfeitinha que passa na rua e vê dois homens a olhar para ela e falar um com outro, só precisa de lhes dizer: “Olá bom dia”…